Há exatos 190 anos, D. Pedro I dava o famoso grito da independência, as margens do Rio Ipiranga, em São Paulo, e entraria para história como o homem que tornou o Brasil uma colônia independente do reino de Portugal.
Bom, pelo menos é isso o que aprendemos na escola, desde os primeiros anos do ensino fundamental. Porém, temos de concordar que essa é uma versão simplista para o que aconteceu, e não leva muito a sério o contexto histórico e os interesses dos atores envolvidos no evento.
Para começar, devemos voltar mais ainda no tempo, antes dos acontecimentos daquele 7 de setembro. Quando o rei D. João VI chegou ao Brasil, fugindo das tropas de Napoleão, algumas mudanças na colônia teriam que acontecer, agora que a sede do reino mudara. Uma das mais importantes foi a abertura dos portos brasileiros para as demais nações do mundo, principalmente a Inglaterra, aliada na defesa de Portugal contra as tropas francesas. A medida fez com que a riqueza do comércio se concentrasse aqui, em vez de ter o reino europeu como destino.
O Rio de Janeiro, capital da colônia e agora do reinado, não possuia, a época, estrutura administrativa e social equivalente à Europa. Doenças, falta de pavimento, moradias e a quase inexistência da educação formal foram problemas que só seriam solucionados, em parte, por D. João VI, ao implantar a Biblioteca Nacional, a Escola Imperial de Belas Artes, A Imprensa Régia, o Banco do Brasil e o aterramento e urbanização da cidade.
Estes investimentos em infraestrutura fizeram os súditos de Portugal ficarem preocupados, pois o reino estava sob domínio inglês, que, por certo, não tinha interesse em grandes empreitadas no país lusitano.
Na segunda década do século XIX, um movimento das elites portuguesas tentou limitar os poderes do rei, exigindo que este retornasse ao país de origem. Temendo perder o trono antes mesmo de sair do Brasil, D. João VI parte para a Europa, não sem antes deixar seu filho, D. Pedro I, como príncipe regente.
Uma das primeiras medidas que o jovem da realeza tomou foi equiparar o status dos membros do exército português e brasileiro, além de baixar os tributos pagos pela população.
Estas ações não foram bem vistas pela sociedade portuguesa, que fazia oposição a D. Pedro I.
Temendo que mundaças econômicas e sociais pudessem baixar seu padrão de vida, as elites brasileiras ofereceram ao príncipe o apoio político que faltava para desafiar a autoridade do reino europeu.
A demonstração de apoio foi respondida, e no dia 09 de janeiro de 1822, D. Pedro I endossou sua permanência na colônia, na data que ficou conhecida como ‘Dia do Fico’.Com a ajuda de seu conselheiro político José Bonifácio, o membro da família real baixou uma resolução da qual nenhuma ordem vinda de Portugal deveria ser respeitada sem concentimento do administrador da colônia.
Tal atitude acirrou de vez os ânimos da sociedade protuguesa, que exigiram que o regente deixasse o Brasil, sob ameaça de intervenção militar. Com apoio político da sociedade, o agora rei do Brasil, D. Pedro I, declara independência de Portugal, as margens do Rio Ipiranga, em São Paulo.
Esta é apenas parte da trajetória da sociedade que vivemos hoje. Muitos outros acontecimentos estariam por vir, mas isso é assunto para um outro post. Enquanto isso, aproveite seu feriado!
