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Pó de Diamante

Autor: Diego Frederici 19 de outubro de 2012 0 Comentário

Os domingos de inverno são dias naturalmente melancólicos. Caminhando na cerração, observo os carros e as pessoas alheias ao nosso mundo, junto ao vento frio cortando o rosto. Penso logo na solidão da sociedade moderna. Gente substituída por máquina. Transmissão digital, no lugar das conversas. Embora, às vezes, seja útil. É uma forma de aproximação. Ajuda bastante nos dias da estação mais fria do ano…

Pois é num domingo gélido e cinza que resolvo bandear por aí. Claro, oportunidade de descanso aos meus dedos, entediados de comunicação por meio do teclado do computador, pois os dedos não falam só pelo braile. Aproveito, e faço meus olhos lembrarem que as cores naturais estão além do bronze que reveste a carcaça do meu notebook. Talvez o azul do céu seja mais arrebatador. Mesmo o cinza celeste já vale.

Chego ao meu destino. Música boa preenchendo o ambiente. Peço minha bebida pois, para relaxar, nem mesmo o sopro de vidro daquele ar de geada esfriaria meu ânimo.

Nessa hora, percebo que o orvalho havia produzido dois cristais de gelo. Grandes como eram, intrigado, pergunto-me: Como pode existir tal coisa neste tamanho?

Aproximei-me. Quis investigar, como bom jornalista.

Ora ouvindo ecos de sua voz na mente, ora me encantando pela beleza, desconcentrado pela simpatia, começo a entender o que eram os reflexos de um céu sem nuvens. Longe de serem cristais de gelo. Muito comum. Aqueles olhos, raros como a jóia, refletiam as cores do pó de diamante. Cinza, se você juntar tudo num montinho só, sabe? E azul, banhando-se dos raios do sol, ao sabor do vento.

Cinza ou azul, um céu de domingo pode aquecer corações solitários.


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