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Funk Carioca: música ruim ou preconceito?

Autor: Diego Frederici 31 de agosto de 2012 0 Comentário

Cada um de nós, do nascimento a criação, passa por experiências que ajudam a construir nossa personalidade, maneiras de encarar o mundo e até mesmo nossas preferências culturais.

Notamos isso quando, a cada pergunta que fazemos, sobre o ‘filme favorito’, o ‘desenho que fez parte da infância’ ou ‘a música que te faz dançar’, recebemos uma resposta diferente, exemplificando bem a diversidade de opiniões, sendo este um dos fatores que transformam a sociedade num lugar interessante de viver e observar. A medida que conhecemos pontos de vista diferentes, expandimos nosso próprio conhecimento.

A festa tá boa

Ao mesmo tempo, é natural que grupos que se identificam por determinados padrões estéticos e culturais – roqueiros, a galera do reggae, os que apreciam música clássica e etc- defendam sua música e o jeito de se vestir como superiores a qualquer outro tipo de manifestações artística. Como exemplo, é possível falar do funk carioca, que, mesmo sendo respeitado por uma parcela considerável de seus admiradores, sofre constantes ataques, principalmente de uma galera que se diz ‘moderna’, ‘livre’ de preconceitos, presentes nas redes sociais. Mas em que ponto esta manifestação de opinião, que, a primeira vista, pode parecer algo singelo, pode tornar-se um preconceito velado?

Não escuto funk carioca em casa – embora já tenha ido algumas vezes em casas noturnas adeptas ao estilo. Para falar a verdade, gosto mesmo de som antigo, dos anos 1980, e música pop eletrônica. Mas acho interessante escutar o discurso dos que dizem ‘abominar’ os pancadões, colocando como destaque, até algo divino, o rock clássico de bandas dos anos 1960 e 1970. Claro que devemos levar em conta os fatores sócio-culturais que levam alguém a gostar mais da cultura estrangeira do que da brasileira. Mas, numa análise justa, será possível mensurar qual das duas é mais importante? Difícil responder.

Se o presidente pode eu também posso!

O funk carioca surgiu nos anos 1970, nas favelas do Rio de Janeiro. Quem protagoniza os shows são mc’s que tem origem humilde. As letras podem ter várias significados, como qualquer outra música, mas basicamente se dividem em duas vertentes: as que expõe a dura realidade dos morros, com a luta armada por territórios dos traficantes, ou a sensualidade e o prazer do sexo, protagonizadas por mulheres. Notamos aqui duas características que podem explicar a crítica, por vezes raivosa, que alguns nutrem pelo funk. Em primeiro lugar, o preconceito social, em relação ao pobre que, sem alternativa, acaba se envolvendo nas disputas por pontos de venda de drogas. Em segundo as mulheres, secularmente segregadas a viverem em função da (boa)vontade sexual do homem.

Independente dos motivos que levam alguém a cruxificar um pancadão, alguns crimes, aparentemente sem motivo claro, vem preocupando a sociedade. Em menos de dois anos, sete funkeiros foram executados apenas no estado de São Paulo, em circunstâncias nebulosas, que envolvem policiais militares, inclusive.

Bom, gostando ou não de funk, o vídeo abaixo mostra que, apesar da torcida contra, diversão e sensualidade ainda não são crimes, mesmo que eles venham de pessoas pobres. Aumente o volume, e deixe seu preconceito do lado de fora do baile!


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