Eram vinte duas horas em Goiás. A quente noite tropical fazia-lhes descer um filete de suor no rosto. A multidão, com seu clamor das arquibancadas, só aumentava a tensão. Pudera. Hoje seria a noite decisiva de suas vidas. O holofote estava sob eles hoje. O Brasil conheceria gente comum.

A frente do Itumbiara Futebol Clube erguiam-se poderosos adversários.

Um deles Ronaldo, o gênio das quatro linhas, o fenômeno da pequena área, voltaria ao ofício, após a tormenta que passara por sua vida pessoal. O outro oponente do modesto time, é o Esporte Clube Corinthians Paulista. Palavras faltam o que só sentimentos ajudam a compreender o que significa o estandarte alvi-negro.

Porém, o cavaleiro de São Jorge, empunhando sua arma secreta, não foram suficientes para amedrontar a valente equipe do centro-oeste. Naquele dia, o Itumbiara correu disputando com o vento. Batalhou, não como se aquele jogo fosse o último, mas como se fosse o único.

Veio a recompensa. No final do jogo, um entusiasmado repórter tentou entrevistar um dos jogadores do Itumbiara. Exausto da partida, ofegou algumas palavras ao jornalista esportivo, que perguntou:

– O que você achou da vitória do…
– Maravilhoso! Jogar com Ronaldo foi inesquecível. Sempre vou lembrar desse momento!

Respondeu o esbaforido jogador, que saiu para o vestiário, radiante. Em campo, restou um confuso repórter, que não teve tempo de terminar a pergunta sobre a vitória do Corinthians, por dois a zero.