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O julgamento do mensalão: o que eu tenho a ver com isso?

Autor: Diego Frederici 20 de agosto de 2012 0 Comentário

Olá pessoal, como vão? Me chamo Diego Frederici e este é meu primeiro post aqui no portal GF Notícias.

Inicialmente, as segundas-feiras, pretendo falar de política nesse espaço. Como tenho formação jornalística, penso que este assunto, assim como qualquer outro, deve ser tratado de uma maneira direta, evitando palavras incomuns do nosso vocabulário e, no caso de usá-las, sempre dar exemplo práticos para uma maior compreenssão.

Mas vamos ao que interessa. Você, leitor, talvez já ouviu falar do assunto Mensalão. Se leu na imprensa, ou assistiu algum telejornal por esses dias,  provavelmente teve algum contato com o caso. A pergunta é: o que tenho a ver com isso?

Embora óbvia, a resposta a pergunta pode ser complexa para algumas pessoas, quando leva-se em conta uma série de fatores, que incluem uma suposta falta de interesse pela política da sociedade brasileira. Quando digo ‘suposta’ é porque acho bem duvidosa essa característica. Explico: quem nunca ouviu falar, ou até mesmo disse, que ‘todo político é corrupto’? Esse tipo de ‘verdade universal’, martelada a todo instante pelos grandes jornais e veículos de comunicação, pode, de fato, fazer com que algumas pessoas sintam-se desencorajadas, ou até desmotivadas, a falar de política.

A questão, entretanto, não esgota-se aí. Antes de mais nada, política vai muito além da atuação dos senadores e deputados no Congresso Nacional. Na compra do feijão, ou no pagamento da faculdade, existe política. Numa consulta de emergência num pronto socorro também – assim como numa roda amigos, no happy hour da sexta-feira. Política pode ser definida como nossa capacidade de nos relacionarmos com os outros, nos mais diferentes níveis da sociedade, deixando, de preferência, uma opinião positiva a nosso respeito.

Se um quilo de feijão custa R$ 8,00 talvez seja porque o governo preferiu investir recursos numa outra área e não bancou parte da produção dos agricultores. Se você precisa pagar caro pela sua faculdade, pode ser pelo fato de não existirem vagas suficientes em universidades públicas para todos estudarem. Se foi bem atendido na emergência, após ter uma crise de asma, quer dizer que os investimentos públicos foram feitos de forma eficiente. No happy hour dos amigos? Bem, se você se reúne e passa seu tempo com eles, e não faz isso com outras pessoas, deve ser porque há afinidades que os aproximam, sendo até mesmo possível uma parceria no campo dos negócios e, porque não, da própria política.

Percebem como (felizmente?) não podemos viver sem política? Mesmo quando, por puro desconhecimento, dizemos que não nos interessamos por ela, dependemos direta e indiretamente de fatores relacionados a política.

“Ah, mas todo político é corrupto”, fala o jornal. Bem, sinto decepcioná-los, mas um deputado ou senador não é um ser de outro planeta que só aparece na Terra na época das eleições. Admitindo que ele ‘sai’ da sociedade, ou seja, que um futuro membro do Congresso pode ser qualquer cidadão brasileiro, se, uma vez lá, esse político profissional tenha um eventual comportamento corrupto, me questiono se ele adquiriu essa característica após a eleição ou se apenas mudou a forma de usar seu ‘jeitinho brasileiro’, que nada mais é do que agir fora das práticas legais e éticas. Para dizer a verdade, penso que quem é corrupto faz muitas coisas de errado além de desviar dinheiro público, como dirigir embriagado ou agredir uma mulher (verbal ou fisicamente).

Política é um assunto como qualquer outro, e não deve ser proibido ou cerceado. Mesmo porque, a própria atitude de cercear um debate, também é política!

Bem, esse contexto é necessário para que tenhamos um outro ponto de vista sobre o assunto e, a partir dele, pensarmos numa boa resposta para nossa pergunta: “O que tenho a ver com o julgamento do mensalão”?

Muita coisa! A começar pelos políticos envolvidos, nossos legítmos representantes do Congresso. Antes de apontarmos o dedo, e crucificá-los como corruptos incuráveis, deve-se fazer uma análise ponderada sobre o caso. Por exemplo, a investigação já terminou, por isso, não é mais possível incluir novos culpados na ação, como tentou fazer um dos acusados ao investir contra o ex presidente Lula. É interessante observar também que muitos jornais já condenaram os réus, fazendo o trabalho da justiça. Somos inocentes até prova em contrário, certo?

Independente da orientação política de cada um, esse episódio do ‘julgamento do mensalão’ é um bom exercício para analisarmos o tipo de política e o tipo de justiça feita no nosso país. Se há evidências de conduta ilegal, então que punam-se os culpados. Mas com tanta pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF, a entidade que está fazendo esse julgamento), será que possíveis injustiças possam ocorrer? A história dirá! Mas devemos ficar atentos é indagar: se um congressista ou líder político pode sofrer uma violação de seus direitos da instância judicial máxima do Brasil, o que será de nós, cidadãos comuns?

Será que o julgamento do mensalão é importante?


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