Tudo bem pessoal? O tempo deu uma virada, tá meio frio hoje… Clima ideal para ler um livro, embaixo de alguns cobertores, não acham?
Usando a deixa, vou recomendar um obra bacana, que fala de um período bastante controverso na história recente brasileira. Aproveitando que faço pesquisa sobre o tema, falarei um pouco sobre a ditadura civil-militar. Ou melhor, darei a dica de um livro que fala sobre o papel dos jornalistas e dos censores deste arco político.
Cães de guarda – jornalistas e censores, do AI-5 a Constituição de 1988 (Beatriz Kushnir, São Paulo. Boitempo – 2004) é um trabalho polêmico que coloca novamente à mesa o debate sobre o papel de alguns setores da sociedade civil -sobretudo os jornalistas e os grupos de mídia – no apoio ao “governo militar”.
Bom, para começar, é necessário colocar a expressão “governo militar” entre aspas pois, como Kushnir faz questão de habilmente enfatizar na obra, seria impossível ter um regime nos moldes que existiu sem o apoio de certos segmentos da sociedade civíl. Dessa maneira, o termo correto aqui seria Ditadura Civil-Militar.
A autora, Doutora em História Social do Trabalho pela Unicamp, coloca o holofote nos jornalitas que, pretensamente, sempre definiram-se como “agentes da resitência” ao regime civíl-militar. Sempre quando o assunto são os anos de arbítrio, muitos jornalistas tendem a ter uma postura de vítimas,respondendo de forma evasiva ao papel da imprensa nos anos de chumbo.
Como faz questão de enfatizar, em vários pontos do livro, Kushnir coloca um freio na generalização, alertando que nem todos os jornalistas contribuíram para o regime. Seja na forma de colaboradores do regime, ou mesmo de jornalistas de carreira que atuaram nas redações dos jornais, Kushnir esclarece que apenas alguns véiculos de imprensa atuaram no suporte ao regime, como é o caso do jornal Folha da Tarde.
A obra toca em pontos nada pacíficos, como o fato do jornal Folha da Manhã (atual Folha de São Paulo) ‘emprestar’ seus veículos, usados na distribuição de jornais as bancas, para os militares, que os utilizavam para transportar presos políticos, muitos deles torturados no DOI-CODI, sigla para ‘Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa’. Um nome pomposo, para um instalação militar utilizada para ‘arrancar’ informações dos cativos, nem que para isso fosse necessário ‘suicidá-los’.
Um livro que vale a pena conhecer, principalmene aos que gostam de política. Ela é interessante na medida em que ajuda a compreender um tipo de governo que volta e meia se estabelece no Brasil, embora a sociedade brasileira possua o discurso de que nosso país seja “democrático por natureza”. Afirmação puramente retórica, tendo em vista o histórico de regimes autoritários que a república já vivenciou.